terça-feira, 18 de maio de 2010

Teatro o ano todo na Bahia

"As adversidades dos artistas estão nos gestores culturais e em suas políticas barrocas".
Políticos e políticas festejaram os 50 anos de carreira da atriz Yumara Rodrigues e sua contribuição ao teatro baiano com eventos e emoções. E Yumara é realmente uma atriz arrebatadora. Eugênio Barba classificou-a de soberba quando assistiu Senhor Puntila e seu criado Matti, na Escola de Teatro, em 1998. Naquele ano, a atriz declarou à imprensa que desejava “estar em cartaz o ano todo. Três meses é (...) pouco comparado ao esforço que se tem para realizar uma montagem. O ideal era ficar um ou dois anos em cartaz, cinco anos. Assim o ator teria emprego”.

Mas, diante de todo esse talento, o que impede Yumara e outros atores baianos alguns tão extraordinários quanto, de trabalhar? Comecemos pelos teatros. O Jorge Amado vive uma pendenga com o Desenbanco, que pode transformá-lo em prédio comercial ou igreja. O ACBEU fechou para reforma e o saldo pode não ser bom. Alagados nem abriu. Com o telhado prestes a desabar, o Espaço Xisto fechou há mais de ano. Os espaços mantidos pelo governo precisam de comentário especial e o terão, oportunamente.

A Lei Rouanet continua chegando à Bahia através de QI (Quem Indicou). O Faz Cultura foi desmoralizado pela Secretaria de Cultura, que promove editais e não paga os prêmios. Há artistas se revirando para receber verbas de 2008 e 2009, enquanto no RJ e SP as (re) viradas são culturais, unindo espectadores a artistas. A Fundação Gregório de Mattos parece vítima de um ebó evangélico. Olívia Santana, pensadora cultural do legislativo municipal, promove sessões do outro mundo para Chico Xavier. Trabalhar como?

Enquanto os EUA promove desfiles da Disney na orla de Salvador e vende musicais da Broadway ao Sudeste brasileiro, que voltou a frenquentar nossa praça desfalcada com desenvoltura, numa queda de braço por consumidores que o cinema verde & amarelo perdeu. As adversidades dos artistas estão nos gestores culturais e em suas políticas barrocas, incapazes de entender que num planeta onde tudo caminha para ser igual, só as culturas autóctones sobreviverão.

Fonte: Trilhas Aninha Franco - Revista Muito/05



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