quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nordeste investe em energia alternativa

Crescimento do consumo de energia da região tem gerado demanda por fontes alternativas, como a nuclear e a eólica.

Nos próximos oito anos, o consumo de energia elétrica no Nordeste vai crescer mais do que o consumo de energia no país, de acordo com a Empresa de Energia Elétrica (EPE) do Ministério de Minas e Energia.

Enquanto a taxa de crescimento do Brasil vai ficar em 46%, o Nordeste vai chegar a 50% em 2018, correspondendo a 15% do consumo nacional. Apenas nos dois primeiros meses de 2010, o consumo energético na região cresceu 8,3% em relação ao mesmo período no ano passado. Para a EPE, o aumento do consumo da região tem dois motivos principais: o aquecimento global e o aumento do poder aquisitivo da população.

“A região tem enfrentado temperaturas muito elevadas, o que aumenta o uso de aparelhos Ed ar-condicionado. Além disso, as políticas de transferência de renda levaram a um aumento do poder aquisitivo, que afetou diretamente o poder de compra da população. As pessoas têm adquirido mais equipamentos eletro-eletrônicos e isso influencia diretamente o consumo de energia”, explica o assessor da EPE, Oldon Machado.

Para atender à sua demanda energética, o Nordeste tem investido em fontes alternativas, com destaque para as formas eólica e nuclear.

Energia Nuclear

A Eletrobrás Eletronuclear, empresa do Ministério de Minas e Energia responsável pela construção e operação de usinas termonucleares no país, está realizando um estudo até o final deste ano para localizar as áreas mais propícias para a implantação de duas usinas de energia nuclear no Nordeste.

Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco estão concorrendo para a implantação das usinas. “A faixa litorânea entre Salvador e Recife era considerada de interesse até então para abrigar a central nuclear nordestina, porém, a finalização da primeira etapa dos estudos apontou as margens do Rio São Francisco como a melhor opção (Já que as usinas necessitam de muita água para refrigerar as turbinas). Estudos estão sendo desenvolvidos para definir os melhores locais nestas áreas”, explica o representante da Eletronuclear para o Nordeste, o engenheiro Carlos Henrique Mariz.

Mariz acredita que a matriz nuclear tem uma boa integração com outras fontes energéticas e defende a implantação das usinas na região. “Esta medida resultará no reforço térmico da região, contribuirá para a regulação dos reservatórios do Rio São Francisco e de outras bacias hidrográficas, limitará a necessidade de transporte de grandes blocos de energia entre regiões distantes com perdas energéticas significativas, aumentará a segurança energética dos estados nordestinos, além de causar fortes impactos positivos na economia e na sociedade da região”.

Apesar do entusiasmo do governo em relação à implantação das usinas, a energia nuclear ainda é alvo de críticas de muitos especialistas. “Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagens. Não há energia sem controvérsia, mas a nuclear, pelo poder destruidor que tem qualquer vazamento, merece e deve ser discutida mas amplamente pela sociedade”, defende o especialista em energias renováveis e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini.

“Um fator de extrema preocupação, descrito no Relatório da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados publicado em 2006, é que o Estado brasileiro está longe de ter a estrutura necessária para garantir a segurança das atividades e instalações nucleares”, explica Scalambrini.

Ele defende que o Brasil busque um desenvolvimento sustentável através de fontes renováveis de energia. “O Brasil tem um potencial gigantesco de geração de energia eólica e solar, só que precisamos começar a olhar para frente, ver que podemos nos beneficiar de investimentos feitos agora nessa área, em pesquisa, desenvolvimento e implantação. Precisamos ganhar com isso no futuro, nos tornando um exportador de tecnologia. Precisamos ser o país que terá a matriz mais limpa do mundo no futuro”, analisa o especialista.

Energia Eólica

Em relação à matriz eólica, o Ceará é o grande destaque brasileiro. O estado é o maior produtor de energia eólica de todo o país. E em julho de 2012, o Ceará deve dobrar sua produção, com a inauguração de 22 parques eólicos.

Atualmente, 36% da energia consumida no Ceará vem da fonte eólica e essa produção está beneficiando a economia do estado. “a energia eólica trouxe com ela a geração de empregos, o desenvolvimento de tecnologia para as universidades locais, uma cadeia produtiva de fornecedores e de empresas de manutenção e de instalação, além de uma melhor arrecadação para os municípios onde os parques eólicos estão implantados’, aponta o Coordenador de Energia e Comunicações da Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará, Renato Rolim.

Outro estado nordestino que tem se destacado na geração de energia eólica é o Rio Grande do Norte, que em janeiro deste ano fechou um contrato de R$ 1,7 bilhão com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), para investir em nove parques eólicos. Ainda em 2010, de acordo com o Governo do Rio Grande do Norte, o estado vai alcançar a auto-suficiência energética e a previsão é que o investimento em energia eólica permita que o estado produza mais do que o dobro do que consome.

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